Tuesday, April 21, 2009

Geração rasca para geração merda (vale a pena ler....)

Se forem muito sensíveis não leiam! Se forem no mínimo curioso(a)s...
então aventurem-se e não se indignem com meia dúzia de impropérios,
porque o que interessa é a ideia final....e essa... está muito boa!!!

"A SIC montou uma gigantesca campanha de promoção para a sua nova
série/novela/monte de merda, que dá pelo nome de Rebelde Way.
Depois de anos a apanhar bonés, percebeu que a melhor maneira de
combater a morangada da TVI era...imitar. É lógico. Era inevitável.
Depois de 20 minutos a ver a nova série (o que me provocou uma crise
de cólicas da qual só um dia depois começo a recuperar) sinto-me
preparado para uma análise.
Bora lá. A fórmula é a mesma nos dois canais. Aqui fica a receita:

1 - Pitas boas. Muitas, quanto mais descascadas melhor (as séries de
verão são, naturalmente, as melhores, porque eles vão todos juntos
para a praia).
2 - Gajos "estilosos". A coisa divide-se em dois: há aqueles que têm
quase 30 anos mas fazem de adolescentes, e depois há os que são mesmo
adolescentes. Estes últimos são aqueles que se levam a sério enquanto
"actores".
O requisito essencial para qualquer gajo que entre nestas séries é ter
um penteado ridículo.
3 - O Rebelde Way tem gajas do norte. Fazem de gajas daqui, mas aquele
sotaque é fodido de perder. Fica ridículo, mas as gajas são boas.
4 - Nos Morangos, a palavra "pessoal" é dita 53 vezes por minuto,
normalmente inserida nas frases "Eh pá, pessoal!", no início de cada
conversa, ou então "Bora lá, pessoal", antes do início de qualquer
actividade.
Agora vamos à bosta que a SIC acabou de parir, com pompa,
circunstância, varejeiras e mau cheiro. Chama-se Rebelde Way. Cool,
man!
O slogan dos Morangos era "Geração Rebelde", mas a inspiração deve ter
vindo de outro lado, de certeza. O que me irrita na poia da SIC é que
os gajos são todos betinhos (até os mânfios são todos giros e cool e
com uma caracterização ridícula, como se fossem a um baile de máscaras
vestidos de agarrados ou arrumadores de carros). Mas depois são bué
rebeldes. São bué mauzões, man! A brincar com os seus iPhone, com as
suas roupinhas fashion, grandes vidas, mas muita mauzões.
Se há algo que esta geração de morangada não pode ser, não tem direito
a ser, é ser rebelde. Rebelde porquê, contra quê? Nunca houve em
Portugal geração mais privilegiada do que a actual, à qual esses putos
pertencem. Nunca qualquer puto teve tanta liberdade e tanta guita no
bolso como esta malta. Nunca as pitas foram tão boas e tão disponíveis
para foder com a turma inteira como agora. Nunca houve tamanha
liberdade de mandar os pais à merda e exigir uma melhor mesada porque
é altura dos saldos. Rebelde porquê? Em nome de quê?

É claro que isto são pormenores com os quais as novelas não se
deparam, nem têm de o fazer. O objectivo é simples: para uma geração
tão privilegiada como aquela que é retratada, há que criar uma
rebeldia fictícia, porque não é cool ser dondoca aos 16 anos. Mas é o
que todos eles são.

Há uns tempos vi, no Largo do Carmo, um bando de uns 15 putos e pitas,
vestidos à "dread" com roupinha acabada de comprar na "Pepe Jeans".
Um dos putos que ia à frente, não devia ter mais de 16 anos, vem a
falar à idiota como se fosse dono da rua, saca duma lata de tinta e
escrevinha qualquer coisa de merda na parede. Todos se riram, todos
adoraram, e ele foi, durante cinco minutos, o maior do bairro. Não fiz
nada, mas devia ter-lhe partido a boca toda.
Todas as últimas gerações antes desta (incluindo a minha, a Geração
Rasca, que se transformou na Geração Crise - bem nos foderam com esta
merda) tiveram de furar, de lutar, de fazer algo. Havia uma alienação
mais ou menos real, que depois se podia traduzir nalguma forma de
rebeldia. Não era o 25 de Abril como os nossos pais. A nossa revolução
é a dos recibos verdes e da consolidação orçamental. Mas esta
morangada sente-se, devido à merda que a televisão lhes serve e aos
paizinhos idiotas que (não) a educaram, que é dona do mundo. Quando já
és dono do mundo, vais revoltar-te contra quem? E por que raio
haverias de o fazer?!
E assim vamos nós. Com novelas de putos "rebeldes", feitas por
"actores" cujo momento de glória é entrar numa boys band ou aparecer
de cú ao léu na capa da FHM, ensinando a todos os outros putos que
temos que ter cuidado com as drogas (mas todos os agarrados são
limpinhos, assépticos, com os mesmos penteados ridículos), que a
gravidez adolescente é má (mas todas as pitas querem foder à grande,
porque são donas da sua própria vida e os pais não sabem nada, etc) e
que, sobretudo, este mundo lhes deve alguma coisa.
Os tomates.A mim e aos meus, o mundo deve alguma coisa. Aos que foram
atrás da merda do canudo para trabalhar num call center, aos que se
matam a trabalhar e são forçados a ser adultos antes do tempo. Não a
esta cambada de mentecaptos.
E depois estas séries vão retratando "problemas sociais da juventude",
afagando a consciência de quem "escreve" aquela merda, enquanto ao
mesmo tempo incentivam esta visão egocêntrica, egoísta e vácua desta
geração acabadinha de sair do forno.
Talvez eu esteja a ficar velho e a soar como o meu pai. Lamento se não
é cool. Mas esta merda enoja-me.»
Vão ser rebeldes pó caralhete."

Anónimo (senão ainda vou dentro)...